terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Westerns Orientais.

Comentários destes dois Westerns recentes vindos lá do oriente, o primeiro japonês e o segundo Sul-Coreano.


Sukiyaki Western Django (Idem, de Takashi Miike, 2007). Apesar do nome Django no título este trabalho, Mike se inspira no gênero western italiano em geral. O argumento principal segue mais o primeiro filme de Sergio Leone com Clint Eastwood o Por Um Punhado de Dólares do que o Django de Corbucci propriamente dito, apesar de é claro fazer questão de inserir a famosa metralhadora giratória guardada dentro de um caixão. No filme temos as duas facções inimigas (os brancos e os vermelhos), a cidade quase vazia e decadente, o homem sem nome que vem em socorro aos desamparados, a mulher que esconde seu passado... ou seja, as referências se atropelam, sobrando inclusive para a trilogia de fantasia O Senhor dos Anéis (o xerife/Golum).

Não é uma obra cinematográfica para todos os gostos. O local é fictício, um Japão rural misturado com o oeste antigo americano, e tudo mais é de uma estilização extrema, desde os figurinos estapafúrdios, cenários propositalmente artificiais, trilha sonora que surge dentro do prórpio filme (as cenas dos tambores), animações, atuações intencionalmente caricaturais (Tarantino, o xerife) e etc. O filme faz questão de ser anárquico, sem controle e demente a ponto de seriamente questionarmos a sanidade do diretor. O exagero da bagunça prejudica um pouco já que faz o filme ficar cansativo ao insistir na falta de lógica, mas por atirar para tantos lados logicamente aparecem aspectos positivos; algumas caracterizações são bem legais (o líder dos brancos por exemplo) e o riso vem bem espontaneamente em algumas partes, pricipalmente nas cenas de humor negro.

Mais movimentado na sua segunda parte, Sukiyaki Django acaba terminando com um saldo positivo, por Miike resolver encerrar o filme em alta qualidade, com um tiroteiro muito bem orquestrado e um duelo final climático . E como não se emocionar com a música tema original do filme de Sergio Corbucci sendo cantanda em Japonês?


O Bom, O Mau e O Bizarro (The Good , The Bad, The Weird aka Joheunnom nabbeunnom isanghannom, de Ji-woon Kim, 2008) é bem mais acessível e despretensioso, a intenção aqui é diversão pura e o entretenimento, e o filme consegue impor um grande ritmo de aventura na simples história de caça ao tesouro na agitada Manchúria (país fantoche criado à força pelo Japão imperial tomando partes da Coréia e da China) nas vésperas da segunda guerra mundial. Logicamente o filme evoca o clássico de Sergio Leone Três Homens em Conflito, mas buscar comparar os filmes seria um tanto injusto, já que Leone tinha um nível de realização muito apurado em todos os sentidos, e temos que pensar no filme coreano mais como uma homenagem.

Excelente produção, ótima trilha sonora, trabalho de câmera fantástico, cenas de ação de tirar o fôlego, com destaque para a perseguição no deserto na segunda metade, longa e complexa, deve ter gerado um trabalho de louco para a equipe do filme. Gostei muito também da estética dos personagens e das inúmeras facções. Ji-woon Kim faz as vezes neste filme do famoso estilo de diretor-general, sempre trabalhando com cenários e locações a perder de vista, figurantes a mil etc. Os três protagonistas foram bem escolhidos, mas o realizador resolveu claramente colocar o bizarro em primeiro plano com uma boa intepretação de Kang-ho Song.

Mas nem tudo é perfeito no filme, o roteiro escorrega um pouco fazendo algumas piadas não funcionarem, deixando algumas pontas soltas, como se o filme tivesse sido editado à força (e olhem que tem mais de duas horas) e a pior parte foi o encerramento pouco satisfatório na minha opinião. Mas vale muito a pena assistir, seja para comprovar o talento dos sul-coreanos no cinema de entretenimento, seja para conferir um western movimentado como a bom tempo não se fazia.

Obs: Interessante como ambos os filmes possuem ecos fortes de Kill Bill de Q. tarantino. Em Sukiyaki... o duelo final com neve remete claramente ao duelo entre a noiva e O-Ren Ishii, enquanto na perseguição no deserto de O Bom, O Mau e O Bizarro a trilha sonora que guia a cena é Don't Let Me Be Misunderstood, em uma versão instrumental assim como no mesmo filme de Tarantino (e na mesma cena do duelo de espadas)... influência dos influenciados...

6 comentários:

herax disse...

ainda nao vi o SWD do Miike, mesmo tendo o DVD em maos, mas o GBW eu vi recentemente e minha opiniao eh bem proxima da tua... agora aquela perseguicao no deserto realmente me deixou de queixo caido, animal demais!!!!!

Jau disse...

E olhe que eu já tinha achado aquele tiroteio por cima dos telhados do mercado fantasma incrível e que aquilo já tinha sido o momento do filme, e depois os caras me aparecem com aqulea cena. Me lembrou muito os filmes do Indiana Jones.

Takeshi Age of Asia disse...

Assisti ao Sukiyaki Western Django dublado em japonês, de fato é mais engraçado que o áudio original. Também quero ver esse GBW, que pelo comentário de vocês, vou curtir bem mais.

herax disse...

acabei de assistir LEGENDARY ASSASSIN, achei o filme do caralho!!!

Jau disse...

Vou ver se assito logo esse Legendary, ainda mais que é curtinho.

E Takeshi, pode ver sem medo o GBW, é uma sessão de matinê bem legal. Enquanto ao Sukyiaki... acho que aquela opção dos atores falarem em inglês decorado, ficou uma aposta suicida do diretor, porque acabou ficando muito difícil algúem acompanhar o filme sem legendas.

Takeshi Age of Asia disse...

The Legend of Kamui (Kamui Gaiden) ainda em pré-produção promete ser uma grande estréia não é? Também botei o teaser no meu blog.