



Comentários sobre o cinema de ação e aventura em geral.
Injustamente, Friedkin foi relegado quase que a um segundo plano no mainstream do cinema americano devido a diversos fracassos comerciais sucessivos, felizmente devido ao seu trabalho de alto nível, sempre foi admirado por produtores e atores reconhecedores da qualidade de seu trabalho. Foi mais ou menos por estes caminhos que Caçado foi produzido, contando com um elenco de ponta Holyoodiano e todo o rico aparato que uma produção milhionária proporciona. O resultado como quase sempre no caso de Friedkin é muito satisfatório. O filme conta a história de um supermilitar americano chamado Aaron (Benicio Del Toro), que aparentemente entrou em surto psicótico e passa a matar indiscriminadamente caçadores em florestas reservadas norte-americanas. Como ele é supertreinado, as autoridades escaladas logo reconhecem sua incompetência para captura-lo, e recorrem ao homem que o treinou nas mais cruéis artes de rastreamento, captura e assassinato, o recluso Bonham (Tomy Lee Jones muito bom). A partir daí Friedkin confere um timing perfeito ao filme, mantendo de forma impressionante a adrenalina sempre alta, mostrando uma caçada de homem pelo homem, fazendo a todo momento paralelos perfeitos entre civilidade e selvageria (as tomadas aéreas que mostram a floresta selvagem se fundindo com a cidade de Portland são muito boas) racionalidade e instinto (Bonham vestido com roupas sociais rasteja farejando o chão como um animal para pegar seu alvo). Tudo acontece em uma narrativa que cresce em gravidade com o decorrer do filme e culmina em um duelo fantástico entre os protagonistas (uma briga selvagem de facas muito bem coreografada), duelo este que tem seu efeito potencializado pela multidimensionalidade de Aaron e Bonham, o primeiro um bom homem que foi sistematicamente destruído pelo estado militarista americano e o segundo também um homem de princípios mas que é responsável direto por esse processo. Os mais atentos poderão perceber ecos fortes de Progamado para Matar (Frist Blood), mas esta obra na minha opinião possui seu brilho próprio. O clima de realismo-documentalidade, marca resgistrada de Friedkin está presente em todo filme como sempre de forma enxuta, seca e direta. É muito bom perceber que o diretor mantem uma forte pegada após tantos filmes excelentes do gênero, e este aqui na minha opinião está entre os seus melhores.
Melhores momentos da luta tirados do especial televisivo Pride Decade:
Filmografia:
Shadow Conspiracy (1997); Tombstone (1993); Leviathan (1989); Cobra (1986); Rambo: First Blood Part II (1986); Of Unknown Origin (1983); Escape to Athena (1979); The Cassandra Crossing (1976); Rappresaglia (1973); The Beloved (1970).